sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Os Escravos de Jó

“Fui eu quem libertou os Escravos de Jó, com a permissão do mesmo, e os livrou do terrível fado de viver jogando Caxangá. Eu fiz parte do navio de Odisseu, e escondido cheguei a Tróia dentro do cavalo. Eu detetizei o Egito, acabando com as Sete pragas. E por falar em Sete, eu não descobri nenhum dos Sete Mares, mas após cruzá-los fui eu quem os numerou. Ainda sobre sete, fui que quem diagnosticou a Acondroplasia dos Sete anões.”
Com esse discurso Jeremias se apresentou à platéia que, calada, surpreendia-se com a loucura e eloqüência do estranho que havia invadido o palco do Saguão. Alessandro tentara impedir, mas não havia sido convincente, nem tinha a força necessária para segurar os noventa quilos de ímpeto audaz do locutor. Matias bebera muito e até havia apoiado a idéia de Jeremias se apresentar como fez. Matias era um bom amigo, mas às vezes bebia em demasia. Alessandro já quase desistia de ajudar aquelas almas atormentadas, mas não conseguia abandoná-las. Mateus, quase homônimo de Matheus, seguia observando atrapalhado com as mãos, que não cabiam no bolso e batiam em tudo mais a sua volta. Já o outro, Matheus, havia abandonado a turba e dizia não ter nada a ver com aquilo. Mauro quieto observava tudo com sofrimento, sabia que devia sair, mas não deixava jamais seus amigos. Pascoal só tinha em comum com a Páscoa a semelhança com um coelho tarado sem um mínimo de contenção no que dizia respeito ao sexo. E Fabrício a tudo assistia e a todos apoiava, mas vivia outra realidade, era protegido por algo a mais. A barafunda estava formada e todos estavam dentro dela. De feios e loucos era formada a esquadra, que partiria para o além Mar, em busca da Solução, da Mulher perfeita, da Panacéia Universal, do Velocino de Ouro, da Pedra Filosofal, da Palavra Maior, do Horizonte...

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