quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Agora Manuela

"Então te inscreveste na matemática?" - perguntou Manuela. Te inscreveste? Ora só por ter passado pra medicina a guria se achava. Niguém falava "te inscreveste"! Te inscreveu, ora bolas!
Que coisa. Érico estava um pouco magoado. Mas Manuela não fazia por mal. Sempre falou assim. E agora na faculdade de medicina ia certamente se afastar cada vez mais de Érico. Ele era secretamente apaixonado pela guria, desde o primeiro grau. Mas agora, ela iria encontrar um playboyzinho da medicina e ele ia bailar mesmo. Sozinho. Pela primeira vez entristeceu-se ao vê-la. Tudo isso passou pela sua cabeça em átimos de segundo. Ele achava que pensava muito rápido. E pensava muito. Nunca agia sem pensar. Era prudente, até demais. Talvez por isso nunca tinha "chegado" nela. Mas ia ser agora. Afastou o sentimento de desprezo que sentira, afastou o medo e a tristeza e disse:
- Me inscrevi sim, e tu "chegaste" de Fortaleza quando?
Aha! Ele sabia falar bonito! Que que ela tava pensando? E fitou-a nos olhos aguardando a resposta.
- Cheguei semana passada, cansei do carnaval de lá. É muita baixaria. Não gosto. Gosto de ficar aqui com os amigos.
Amigos? Quem queria ser amigo daquela gata? Só se fossem "as amigas". Amigos da onça. Bem, que nem ele, pensou.
- Pô... - Pô? Pensou. Ele não era o Jovem do Chico Anísio pra falar pô. Mas foi em frente.
- Podíamos marcar de sair amanhã, tipo na Goethe pra conversar mais. Aqui de pé não tem nada a ver...
Voltou a usar um monte de gírias. Aquilo lhe deixou mal. Tinha que ler mais, treinar mais o vocabulário.
- Amanhã não posso, meu pai vai lá em casa nos buscar pra sair. Mas me liga! Tchau!
- Tchau...
Caralho. Foi essa palavra que lhe veio a cabeça. Só a palavra, não a imagem! Que merda. Tinha botado tudo a perder. Deveria ter tentado agarrar ela ali mesmo no meio da rua. Não. Não sabia o quê deveria ter feito. Por que não tinha um manual pra isso? Por que seus amigos que "pegavam" grias não lhe ensinavam como fazer? Porra, deveria ser uma coisa inerente. Inerente. nem lembrava que conhecia essa palavra.

Manuela...

Manuela era uma colega dos tempos de colégio. Veraneava em Fortaleza, tinha família lá. Érico estranhou encontrá-la em pleno Fevereiro ainda em Porto Alegre. Cumprimentou-a e questionou o que fazia ali sozinha. Ela era pequenina, tinha cerca de um metro e meio, mas era bonita, com um belas pernas e seios do tamanho certo. Érico também não era grande, mas se achava do alto dos seus 1,73m. Medidos no quartel, quando fora dispensado por excesso de contingente. Pensou até em ser soldado, afinal tinha passado em Matemática como segunda opção do vestibular, queria mesmo era ser jornalista. Então depois da dispensa, se inscreveu no curso e ia ver o que que dava. As aulas começavam em março, e a federal lhe causava algum medo. Seus professores do colégio sempre diziam, que na faculdade não teria mais amigos, que os mestres de lá seriam mais severos, beirando o sadismo. Érico tinha medo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Tramandaí

Pasárgada. "Vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do rei, tenho a mulher que quero na cama que escolherei..."
Tem um lugar no mundo que eu invariavelmente sou feliz. Não quero dizer que eu tenha sido ou seja infeliz em algum outro momento, mas esse sempre foi um lugar especial. Alguns se surpreenderão com o que eu vou dizer, demerecerão minha escolha, mas a faço mesmo assim. Tramandaí. Tal qual Pasárgada, lá eu sempre fui amigo do rei. Lá sempre fui dono do meu nariz. Infância, pré adolescência, adolescência, colégio, faculdade, e agora. Muitas, a maioria, das minhas melhores lembranças estão lá. Com a minha família de sangue, com aquela que viria e é a minha família de alma, com meus amigos, com conhecidos, com desconhecidos. É no mínimo curioso o sentimento que me toma quando eu vou para lá. Já no caminho, na Free Way, eu começo a sentir uma felicidade, uma paz, uma expectativa. E nunca fui frustrado, sempre estava lá a minha praia. De uma maneira ou de outra. Com sol ou com chuva. Nos aúreos tempos de capital das praias, e em outros nem tanto gloriosos. Enfim. Tramandaí. Praia que me quis assim, tão simplesmente assim... Nunca me abandonaste, nunca te abandonarei.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Erico e as ruas de Porto Alegre

Erico ia só pela perimetral. Era domingo e o corredor de ônibus ficava livre para pedestres e ciclistas. "Vou comprar uma bicicleta", pensava. Mas logo afastava a idéia, julgando ser mais seguro correr.
Erico gostava de correr, mas não tinha companhia fixa. Isso lhe fazia falta. Alguns amigos chegaram a lhe acompanhar por meses mas desistiram. Lhe fazia falta a conversa, a troca de experiências. Desde piá gostava de conversar. Uma vez, em um verão passado, chegou a gravar várias conversas, ou "entrevistas" como ele chamaria na época, em um gravador antigo, de fita cassete. Tinha então uns 10 anos ou menos. O fato é que era um conversador. Confiava nas pessoas e lhes inspirava confiança. E seguia correndo.
Nem viu quando o Escort XR3 amarelo passou por ele e buzinou. Eram alguns conhecidos da praia, que moravam em São Sebastião do Caí e passavam as férias em Tramandaí. Mas isso só ficou sabendo depois. Depois que encontrou a Manuela.

Vou começar um "Folhetim"

Vou tentar começar um folhetim. Quem quiser me acompanhar e me ajudar no destino da história, por favor se manifeste!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Tempo

Cá estou eu de novo. Andei notando que o tempo tem passado mais devagar. Talvez por estar esperando ansiosamente que alguém leia o que eu escrevo no blog. Sei lá.